Ao mesmo tempo que a autarquia sesimbrense se desdobra em sessões públicas para tentar vender à populaça o empreendimento da Mata de Sesimbra, há jornais nacionais que põem a nú algumas questões preocupantes, revelando irregularidades e ilegalidades graves em todo o processo, ferindo-o de morte. (Ler posts abaixo.)
No mês passado, os responsáveis autárquicos e outros técnicos apresentaram um plano de acessibilidades onde, nas últimas páginas, se podia ler que, afinal... (pasmem-se!) apesar de todas as obras prometidas e projectadas, nada poderia ser resolvido. As soluções apresentadas resolveriam alguns problemas mas, inevitavelmente, criariam outros bem maiores. Ora, nem é preciso ser arquitecto ou doutor para perceber isso. Mantendo como basilares as vias que hoje percorremos para entrar no concelho, apontando alternativas incoerentes e pontuais e aumentando desmesuradamente o número de pessoas que o empreendimento atraíria, vamos estar bem feitos ao bife.
Mas a saga continua.
Este mês terá lugar uma segunda série de debates sobre o Plano de Gestão Ambiental da Mata de Sesimbra, onde os responsáveis se propõem a esclarecer 5 questões, às quais eu, que ando sempre atent@ a tudo, já sei a resposta porque os mesmos responsáveis estão cansados de impingir o mesmíssimo discurso vezes sem conta (E ainda acreditam que é desta que vai pegar! Céus!):
1. Como preservar os mais de 6000 ha da Mata de Sesimbra?Pexit@ Calhand@: Fácil. Matamos os pinheiros porque estão doentes. Limpamos o lixo, porque aquela mata está pejada de entulhos e afins, e construímos lá em mega-empreendimento cuja área de construção até excede o que vem determinado no PDM, o que só será possível devido a um acordo duvidoso assinado entre a Pelicano, a Câmara Municipal de Sesimbra e o ex-ministro Isaltino Morais. (Sim, o tal que tem um sobrinho na Suiça em cuja conta deposita avultadas quantias!)
2. Como garantir a rentabilidade da exploração florestal?
Pexit@ Calhandr@: A floresta tal como está, não rende nada e ainda está sujeita aos incêndios que anualmente devastam o país porque o Governo não lhes liga a mínima e os privados estão-se marimbando para o caso. Para aquilo dar dinheiro, basta construir lá o tal mega-empreendimento verde, praticamente auto-suficiente, para uma classe para lá de alta. Tudo o resto, a vila, o concelho e arredores são meros apêndices.
"Sesimbra? Não, nunca ouvi falar. Mas conheço um empreendimento chiquérrimo onde passei férias o Verão passado, ali a 50km de Lisboa, conhece querida?"
3. Como garantir os meios financeiros para manter a Mata?
Pexit@ Clhandr@: O cimento precisa de manutenção? Basta caiarem as casitas de tempos a tempos. E ao menos isso sai do bolso do promotor da obra.
4. Como controlar e eliminar a exploração de areeiros?
Pexit@ Calhandr@: Na verdade não sei ao certo. Mas sei que se o empreendimento, como tanto anunciam, vai melhorar os acessos, proteger a mata, gerar riqueza, promover um turismo de qualidade, etc., etc., logo, depreendo que também vai acabar com os areeiros que já deixaram autênticas chagas no concelho. Não é segredo que o lobby dos areeiros e das pedreiras sempre foi demasiado forte para que alguém ousasse fazer o que quer que fosse contra eles.
Mas, pelos vistos, não há nada que o (muito) dinheiro não resolva.
5. Como conciliar a Mata com a implementação de empreendimentos turísticos?
Pexit@ Calhandr@: Conciliar?! Como conciliar?! Definitivamente ou bem que fica a Mata, ou bem que ficam os empreendimentos. Só os nossos governantes autárquicos não percebem isso.
Dah!
quinta-feira, novembro 04, 2004
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