Há, precisamente, um ano atrás, o país resistia de tanga às temperaturas glaciares que teimavam em enregelar os nosso temperado inverno. Definhávamos como tarzan’s lingrinhas e escanzelados, perdidos na selva, sem Jane’s ou mães gorilas que nos adoptassem. De tanga. Apenas e tão só. De tanga.
Como se não bastasse, surgiu uma tal de Manuela Ferreira Leite que insistiu em apertar o cinto, que já não tínhamos. Sem resistir, sem recusar, sem barafustar, acedemos. Apertámos o cinto que nunca usámos.
Um ano depois, muita coisa mudou: a Manuela, o Durão... desculpem, o José Manuel Barroso, o Portas, o Santana Lopes, o José Sócrates. Enfim... Silenciaram a música na dança das cadeiras e os fantasmas do ano passado caíram estatelados no chão.
Mudou tudo. Menos a tanga. A pouco e pouco, os tarzan’s sem selva, nem Jane, nem mãe-gorila, têm conseguido reunir forças para subsistir. A pouco e pouco desapertamos o tal cinto que nunca chegámos a ter. Mas a famosa e tão almejada retoma teima em chegar.
A barafunda nacional fez-me lembrar a barafunda sesimbrense. Hoje abri um dos folhetos que a Câmara Municipal de Sesimbra está a distribuir com a programação de Natal. Diz assim: “Se há coisas que não mudam, o Natal é uma delas. Mas este ano, em Sesimbra, as comemorações natalícias trazem-lhe algo de diferente”.
O programa, de facto, (há que admiti-lo) tem algumas novidades.
Não quero que digam que "em terra onde pouco ou nada se faz... critica-se o que se faz”.
Mas, também é certo que, em terra onde não se faz nada, qualquer “caga-lume” que apareça é logo motivo para anunciar um grande espectáculo pirotécnico.
Ora, foi precisamente neste ponto que o fio do meu pensamento empanou. No ano passado, à meia-noite do dia 31 de Janeiro, centenas e centenas de pessoas juntaram-se na marginal para assistir ao tradicional fogo de artifício... que nunca existiu. Nem o sacana do pirilampo se lembrou de dar um ar de sua graça para alegrar os tesos tarzan’s ali prostrados, bêbados que nem uns cachos, fedorentos a vinho tinto rasca de pacote, comprado no Lidl, porque a bolsa não dava para o champagne.
Mais tarde, Amadeu Penim justifica esta falha com as limitações orçamentais. Compreensivos, como sempre, aceitámos a desculpa com um “ao menos podia ter avisado!”.
Este ano, segundo o programa, o “espectáculo pirotécnico NOVO ANO – SEJA BEM-VINDO A 2005” sobre a Baía de Sesimbra” já está contemplado. Mas... da maneira como anda o país e aqui a vila, das duas, uma: 1) ou o “caga-lume” vai fazer um brilharete porque em terra onde pouco se faz, somos obrigados a elogiar o poucachinho que se vai fazendo; 2) ou o presidente da Câmara aprendeu a lição com o que se passou no Porto há uns anos atrás.
Resta esperar para ver!
sábado, dezembro 04, 2004
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