Hoje não poderia deixar passar em branco o resultado obtido pela selecção portuguesa ontem, frente à Rússia. 7-1 é obra! E, melhor que tudo, conseguimos apagar da memória o empate de sabor amargo frente à selecção daquele país minúsculo, cujo nome é difícil pronunciar. Liechenstein. Argh! Mas deixemo-nos de episódios tristes. O que interessa, de facto, é a goleada conseguida pelos nossos bestiais. Os nossos putos.
Isto fez-me lembrar um comentário do João Vieira Pinto, há alguns dias, numa entrevista: "a geração de ouro não ganhou nada". Verdade dura, mas que dá ainda mais valor ao resultado obtido por este bando de rapazes pequenos, que sem Figo, Rui Costa ou Paulo Sousa têm conseguido trilhar o seu próprio caminho. Já não há épocas douradas. Porque ninguém vive do passado. E de que nos vale um currículo bolorento recheado de vitórias se, neste momento, não nos sentirmos orgulhosos das bandeiras de Portugal que ainda resistem nalgumas janelas?
De que nos vale vermos fotografias antigas da velha equipa do Sesimbra, onde os nomes são sempre os mesmos e as caras não mudam, quando o clube já não atrai novo público, nem sequer à "bancada dos tesos".
De que nos vale reviver todos os anos as glórias dos "Filipes" na travessia da baía, disputada tradicionalmente a 5 de Outubro, quando os nossos pexitos de hoje se limitam a participar sem grandes aspirações, numa prova que parece ser feita à medida de todos os outros, menos dos da terra. No passado, os "Filipes", para felicidade deles, talvez fossem dos poucos a poder prescindir de tempo de trabalho para treinar. Hoje, quando as condições de vida são outras, os pexitos nem sequer têm espaço para o fazer. O que antigamente fazia dos pexitos nadadores superiores, torna-os agora meros figurantes. Enquanto em tempos idos era um privilégio ter um mar como o nosso onde treinar, porque as piscinas eram, compreensivelmente, parcas, hoje já é um sacrilégio não termos um equipamento desses no concelho.
O hóquei, que já nos deu muitas alegrias, não passa hoje duma sombra ténue daquilo que foi.
E o rol de modalidades que hoje sobrevivem das glórias passadas poderia continuar.
Mas não vale a pena. É preciso que as pessoas realizem que ninguém vive das glórias cheirosas a naftalina e se os sucessos não forem alimentados e criados dia-a-dia, ano após ano, se as pessoas não sofrerem com as derrotas e não vibrarem com as vitórias, tudo cai no esquecimento. Mesmo que ainda surjam Rapazes a reviver os "líberos e directos", porque os nomes das fotos antigas voltam a ser referidos. São sempre os mesmos...
Até nisto esta vila está mergulhada na apatia.
quinta-feira, outubro 14, 2004
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário