Quero crer que eles ainda existem.
Eles são o maior garante de que a pureza e a natureza que caracterizam as gentes desta terra ainda subsistem.
Em tempos de mudança, é importante acreditar e nunca deixar que as raízes sequem.
São eles os guardiões dessa força de ser, dessa forma de estar e de viver.
Ninguém conhece o desconhecido como eles, que durante anos palmilharam léguas e léguas marítimas.
«O pescador de Sesimbra, que vai às vezes muito longe, não conhece a agulha de marear. Regula-se pelas estrelas e pela malha encarnada da serra. Lá fora, quando vêem o cabo ao nível de água, dizem que estão no mar do cabo Raso, e quando o farol desaparece, estão no mar do cabo feito. Conhecem a costa a palmo: o mar novo, que dá o peixe-espada, o mar regueira, que dá a pescada, o mar da cornaça, que dá o goraz e o cachucho, e o de rapapoitas, que dá os grandes pargos, conhecidos por pargos de morro».
Raul Brandão, in Os Pescadores
quinta-feira, outubro 14, 2004
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